HISTÓRIA DA
FAMÍLIA TESCAROLI
CONTADA POR UM
DE SEUS MEMBROS
por JOÃO IGINO TESCAROLI
Vigazio,
Província de Verona.
A
Família Tescaroli composta de quatro irmãos, por ordem: Giovanni,
Giuseppe, Caetano e Amélia.
Giovanni foi seguir a vida militar como carabineiro.
Amélia casou-se e foi morar com seu marido.
Caetano era solteiro.
Giuseppe e Ana Merlini (meus avós) tinham seis
filhos, por ordem: Vitorino, Ítalo, Amélia, Maximiliano, Luigi e Giovanni (meu
pai).
Meu
avô Giuseppe era administrador de uma fazenda que seu pai e seu avô administravam há
mais de 60 anos. Os patrões também possuíam a fazenda havia muitas gerações,
passando de avô, pai e netos.
Ele
era um boêmio, das noitadas de vinho e baralho.
Em
1897 a fazenda foi vendida e o novo dono quis obrigar meu avô, além de
administrar, a também trabalhar no campo com os outros trabalhadores. Ele
reagiu e disse que se tivesse que trabalhar no campo então iria trabalhar na
América.
Naquele
tempo o Governo do Brasil fez tanta propaganda em toda a Europa dizendo que o
Brasil era uma terra venturosa para o enriquecimento, que até a madeira era
doce (a cana de açúcar).
Assim
a família decidiu emigrar para a América.
Num
acordo ficou combinado que o menino Maximiliano ficaria na Itália com os padrinhos.
No
dia do embarque no trem, compareceu muita gente para a despedida.
O
filho mais velho, o Vitorino, com 14 anos de idade maliciosamente deixou para
se despedir do irmão Maximiliano quando o trem estivesse partindo. Ao dar-lhe a
mão, deu um forte puxão e o menino caiu para dentro do trem já em momento. E
assim o menino veio com a Família Tescaroli para o Brasil.
No
todo vieram Giuseppe, sua esposa Ana, e todos os seus filhos: Vitorino,
Ítalo, Amélia, Maximiliano, Luigi e Giovanni. Veio também seu irmão solteiro, Caetano.
O
trem seguiu com destino ao Porto de Nápoles onde as pessoas embarcariam no
navio.
25
dias após chegaram ao porto de Santos.
Os
fazendeiros da região já estavam esperando os italianos no desembarque para
recolher as famílias que iam trabalhar em sua fazendas em substituição aos
escravos.
A
família do meu avô Giuseppe e mais seu irmão Caetano foram levados para uma
fazenda no Bairro do Taquaçu, no Município de Amparo. Lá permaneceram por dois
anos e depois se mudaram para a Fazenda do Santo Grande a cinco quilômetros de
Amparo.
Nessa
Fazenda os membros da família se separaram. O Caetano, irmão do meu avô, foi
trabalhar em um banco em Potirendaba.
Tempos
depois o Vitoriano também foi morar com o tio Caetano em Potirendaba.
A
Amélia se casou com o Antonio Burilli e foi morar em Jundiaí.
O
resto da família ficou mais uns tempos e depois mudou-se para a Fazenda do
Padre Ângelo, no Município de Serra Negra.
Lá
morava a família de Antonio Nalom e Maria Binatti.
O
casal tinha vários filhos, entre eles uma moça de 19 anos de idade, bonita e
simpática, de nome Luiza.
Meu
pai, João e a Luiza se conheceram e se apaixonaram um pelo outro.
No
dia 20 de maio de 1920 se casaram na Igreja Matriz de Serra Negra.
Tempos
antes o meu tio Ítalo também se casou com a Arvelina e foram morar em Lindóia,
onde ele montou uma pequena oficina de consertos.
Também
o Maximiliano casou com a Júlia Guizzo.
Após
alguns anos a família mudou-se para a Fazenda do Mariano, a três quilômetros da
cidade de Serra Negra, onde hoje está localizado o Vale do Sol.
Ali
nasceram na família do Maximiliano e Júlia, a Maria e o Emílio. Na família do
meu pai e minha mãe nasceram o Humberto em 19 de março de 1921 e eu, João
Igino, em 11 de setembro de 1922.
No
ano de 1923 meus avós e família compraram um sítio no Bairro dos Liaes a oito
quilômetros da cidade, com dez alqueires de terra.
Ali
nasceram o Cândido, filho do Maximiliano e da Júlia. Também nasceram meus
irmãos Armando, Ana Maria, Rosa Helena e Antonio Carlos.
Nesse
tempo a Família Tescaroli era composta de 20 membros entre avôs, tios, netos e
bisnetos.
Já
corria o ano de 1929, quando houve uma desavença séria da família do vizinho
Santo Baron com o meu pai por causa de um córrego de água. Para evitar maiores conseqüências, meu pai e
sua família mudou-se para Monte Sião onde moravam os pais e irmãos da minha mãe
Luiza.
Meu
pai montou um salão de barbeiro no Largo da Matriz de Monte Sião e trabalhava
nos fins de semana. Nos outros dias andava como mascate pelas fazendas vendendo
meias, gravatas, sabonetes e outras miudezas. Tudo era feito a pé, com grande
sacrifício.
Nessa
época nós já éramos em seis irmãos: eu, o Humberto, o Armando, a Ana Maria, a
Rosa Helena e o Antonio Carlos.
Meus
avós paternos faleceram na década de 30.
Nessa
época, lá em Monte Sião, as professoras iam de casa em casa para cadastrar as
crianças para a escola.
Minha
mãe era analfabeta, mandava nós nos escondermos da professora cadastrante. Mas
meu pai queria nós estudássemos e nos colocou em contato com a professora.
Freqüentamos
a escola por um ano. Eu, o Humberto e o Armando.
Nossa
professora se chamava Inês Penaque. Nossa classe era para o 1o, 2o,
3o e 4o ano. Em 1932 a escola teve suas atividades suspensas
por causa da Revolução de 32. As forças do Governo se aquartelaram perto da
nossa casa.
Meu
pai era barbeiro e cortava os cabelos dos soldados e com isso fez amizade com
os combatentes. Eles nos concediam marmita diária. Eu era o encarregado de ir
ao quartel buscá-las. Quando havia possibilidade de confronto com as tropas, os
combatentes nos avisavam e nós íamos dormir no pé da montanha que tinha algumas
cavernas de pedras. Meu pai ficava em casa como guarda.
Depois
eu e meu irmão Humberto fomos trabalhar temporariamente com meus avós maternos.
Eu fui cuidar das cabras e o meu irmão foi trabalhar em outros serviços.
Em
1932 ocorreu a morte da Rosa Helena com cinco anos de idade, por tétano. Com a
tristeza da morte da menina e mais a pobreza que nos avassalava, meus pais
resolveram se mudar para a Fazenda do Zé de Freitas para apanhar café.
Finda
a coleta do café, mudaram para outra Fazenda vizinha. Ali nasceu a Terezinha
Aparecida em agosto de 1934. Meu pai tinha um revólver e barganhou por um
cavalo para poder ir à cidade de
Socorro, distante dez quilômetros, buscar alimento no armazém dos
patrões.
Após
um ano mudamos para a Fazenda do Juca Pereira, não muito longe daí. Lá meu pai
pegou serviço de colheita de café como arrendatário, na base de 50% com o
proprietário.
Mas
a sorte nos foi madrasta. O patrão nos dava 40 mil réis por mês até a colheita
para o nosso sustento. As doenças infecciosas nos atingiram: eu tive paratifo,
meu irmão pegou varicela. Meu pai teve as costelas trincadas por um acidente e
não podia fazer força. Todo o café foi se perdendo no mato. O patrão cortou a
verba e nos largou à própria sorte.
Passamos
fome, frio e dor, além de muita tristeza.
Nossa
sobrevivência se deve ao fato que minha mãe tinha umas trinta galinhas que se alimentavam
no pasto com os animais e vinham botar ovos no galinheiro de casa. Meu pai ia
trocar os ovos por feijão, fubá e sal e nada mais. Esses foram nossos alimentos
diariamente por meses.
No
ano de 1935, através de um parente, mudamos na Fazenda do Padre Ângelo, de
propriedade de Ouvido Truzzi, no Município de Serra Negra, como meeiros de
café, e nos franqueou o armazém para nosso sustento. Ali a nossa sorte melhorou
um pouco.
Isso
foi nos anos de 1936 e 1937.
Em
setembro de 1937 nos mudamos para Amparo, na Av. Saudade. Lá nasceu uma menina
de nome Santina Aparecida de Jesus que veio a falecer um ano depois.
Daí
mudamos para a Av. Bernardino de Campos, nº 579, onde nasceu Maria José Helena,
hoje casada com o José Carlos Mozzer.
Depois
mudamos para a Vila Antonelli ali perto até que compramos a casa da Rua Rio
Branco, nº 60.
Nessa
casa faleceu meu pai em 4 de dezembro de 1965 e minha mãe Luiza em 23 de junho
de 1985.
Esta
é a história da Família Tescaroli até a morte do meu pai e a morte de minha mãe
Luiza.
JOÃO
IGINO TESCAROLI
20
de julho de 2002
boa tarde,
ResponderExcluirSou tescaroli também, produra mais informações das minhas origens.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito legal, Sou da familia Tescaroli, quem tambem for vamos trocar informacoes. leandrosouza_88@hotmail.com
ResponderExcluirAbraco
Sou da familia tescaroli tanbem quem quizer contato me adicioni no feic ou zap 19982826216
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