quinta-feira, 30 de agosto de 2012

AQUARELA - para Ray com amor fraterno



singela homenagem a meu grande amigo Adilson Raimundo Zanarella Ferreira.
Aquarela

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...
a imaginação traz para perto de nós tudo que quisermos, tudo que sonharmos, podemos trazer o sol distante que aquece e ilumina nossa vida, ou então podemos construir um castelo e nele morarmos nos sentido príncipes ou princesas.

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...
e se as coisas não forem do jeito que a gente quer, e o sol for embora e começar a chover, é de se dar uma saudação: benvinda chuva, e simplesmente fazer um lindo guarda-chuva para curtir melhor a chuva que cai e que refresca tudo e faz nascer as flores e brotar a vida.

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...
normalmente se estamos fazendo um desenho e um pinguinho de tinta cai no papel, por menor que seja, podemos optar por ficar bravos e reclamarmos que estragamos o desenho, ou podemos, ao invés disso, aproveitar aquele pinguinho de tinta e dele fazer uma linda gaivota que voa no céu azul e infinito levando-nos para terras distantes.

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Brando navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...
voamos com a gaivota por mundos desconhecidos que só conhecemos por fotos e imagens, sempre margeando a terra, mas desta vez vamos viajar com nossa imaginação, livres inclusive para o alto mar, sentindo o silêncio e o vento batendo suavemente em nosso rosto. Aí bate uma canseira gostosa de quem viu muita coisa bonita e em minha imaginação pinto um barco a vela e vou indo navegando ao sabor do vento, sentindo-me envolvida pela beleza e pela magia do momento.

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...
deslizando em meu barco presto atenção nas nuvens e fico procurando nelas imagens conhecidas, igualzinho eu fazia quando era criança. Vejo animais, vejo uma árvore igual a do Pequeno Príncipe e vejo um avião com luzes a piscar. Resolvo embarcar nesse avião e continuo livre agora mais perto do céu azul.

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...
a viagem da nossa vida caminha por entre nuvens, tempestades, barcos, naufrágios, céu azul que pode ficar cinza conforme o dia. Sempre podemos voltar para a terra firme, para nossa família, nossos amigos, e assim continuar desfrutando da vida e da liberdade de apreciar a natureza e ser feliz.

Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
curtir os amigos, enfim estar de bem com a vida, mas chega a hora partir, deixar saudades. Talvez por pouco tempo, talvez por um tempo que parece uma eternidade. Enquanto o navio não parte, ficamos vendo os que partem e deixam saudades, e vamos vivendo, desfrutando de coisas simples deste mundo e que são tão valiosas.

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...
o mundo é pequeno, num segundo nosso pensamento vai de um extremo a outro em busca de terras para desbravar. A liberdade implica em se deixar levar, não querer assumir o controle de todos os comandos, mas permitir que a terra continue a girar, o sol a brilhar e o ciclo dos dias aconteça. E manter a fé de que a terra vai continuar a girar amanhã, o sol voltará a nascer e teremos mais um dia nesse planeta para sermos felizes.

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...
os obstáculos estão aí todo dia para nos desafiar, é preciso vencê-los para chegar o futuro, quem fica na frente dos muros da vida não chegará nunca aonde quer chegar. Dá medo pular o muro, pois não sabemos o que tem depois dele. Aí entra a nossa fé de que tudo vai ser bom, e se não for daremos um jeito de transformar as coisas ruins em boas lições para nossa vida.

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
o futuro é desconhecido, ninguém sabe a hora que vai partir nem como isso se dará, hoje estamos aqui amanhã não mais, e isso também acontece com os que estão a nossa volta. Aceitar a partida é um dos meios para ajudarmos na nossa própria santificação.

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
Viver é um ato de fé, não sabemos quando chegará a hora de partir, quando chegará o momento em que não mais veremos as cores deste mundo para seguirmos direto para os braços do Criador.

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)
tudo que vivemos hoje um dia passará. Quando? Não sabemos e não nos cabe saber. Só podemos manter nossa fé firme, nossa vida e nosso coração abertos para louvar e cuidar da criação de Deus. E quando chegar a hora embarcar numa linda astronave que nos levará ao Pai, iremos felizes e confiantes pelo caminho até com os confins do universo que o homem tanto anseia conhecer, mas que ainda é muito distante.

MARISILDA TESCAROLI
28 de agosto de 2012.

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